sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

HERMÉUTICA DO ROLO DO PACTO SAGRADO

Um documento chamado Rolo do Pacto Sagrado traz os seguintes requisitos que devem ser apreciados para se fazer a correta interpretação da Bíblia:

O conhecimento bíblico é cumulativo e progressivo. As interpretações literais e simbólicas de um dado momento exigirão a necessária rectificação noutro momento e contexto. Ainda que precedidos de extrema dificuldade os entendimentos bíblicos tornam-se sucessiva e progressivamente mais esclarecidos.

Ninguém deve aceitar interpretações bíblicas e proféticas sem confirmar continuamente o seu mérito e verdade. Os estudos de confirmação devem ser feitos em profundidade, com autonomia de vontade, sem constrangimentos, coacções ou tutelas externas. Deus e Cristo são liberdade. É o espírito que nos liga...

A interpretação requer de quem a faz as maiores cautelas. Deve esgotar para cada simbologia todos os sentidos literais e simbólicos possíveis e, só depois de cuidada correlação bíblica e factual optar por um. Desta forma a verdade encontrada expressa acima de tudo a opção opinativa do momento, função da inspiração reflexiva e aturada, da capacidade interpretativa do autor e dos contextos.

Nenhum humano, Sinagoga ou Igreja sobre a terra, detém ou pode alegar o exclusivo divino do caminho, da verdade, da vida, do espírito santo ou da interpretação bíblica. Através do N. S. Jesus Cristo, S. M. Javé, inspira todos quantos os invoquem e os busquem em espírito e verdade, sem distinções nem privilégios. Não há privilegiados ou iluminados com legitimidade exclusiva.




O espírito santo e os dons são repartidos por Deus e Cristo conforme querem e entendem, outorgando a todos os esforçados a inspiração e a capacidade interpretativa necessária.

Importa assim salientar que o percurso interpretativo não está isento de dificuldades de várias ordens a que o Doutor das escrituras deve ter consciência e atenção:

1º) Em primeiro lugar destacam-se as invectivas psicológicas dos anjos errantes dirigidas ao âmago e a mente do pesquisador no sentido de perverte-lo, bem como o processo de indagação interna.

2º) Em segundo lugar ( especialmente por causa da necessidade em aceder aos recursos extra bíblicos imprescindíveis à fundamentação histórica, científica, ou outra ) destacam-se as manipulações externas movidas pelos anjos errantes no sentido de desvirtuar a perspectiva correcta da interpretação.

3º) Em terceiro lugar destacam-se os adquiridos de vida do próprio pesquisador, as suas condicionantes e constrangimentos que, perante a multiplicidade e a complexidade dos temas a atender, imprimirão dificuldades proporcionais ao processo interpretativo.

4º) Em quarto lugar destacam-se o acervo cultural e intelectual do pesquisador, enquanto factores galvanizadores ou restritivos do conhecimento, da compreensão, da pesquisa e da explicitação bíblica, que se reflectirão nitidamente na riqueza ou na pobreza interpretativas.

5º) Em quinto lugar destaca-se a tentação do interpretador em se pressupor a si mesmo como sendo o personagem de relevo que a Escritura, o substituto de Rafael ( auto denominado Gabriel ) na 2ª vice presidência do Universo. Isto decorre do mero facto de poder ter alcançado a seu ver a interpretação das profecias.

6º) Em sexto lugar importa salientar que o tempo cronológico possui uma importância fundamental na exactidão dos eventos cuja interpretação, na perspectiva humana, só pode ser feita quando pertençam ao passado ou ao futuro compreensivelmente profetizado. A não contemporaneidade dos acontecimentos a interpretar são susceptíveis de entendimentos eivados de erro, especialmente quando dotados de sequências parecidas com o presente.

7º) Em sétimo lugar destaca-se o papel do espírito santo em todo o processo interpretativo, caracterizado pelo descomprometimento interpretativo, pela verdade mental e afectiva, pela honestidade intelectual, bem como pelo respeito aos limites epistemológicos e à moderação explicativa.

8º) Em oitavo lugar destacam-se as vagas sucessivas de refinamento interpretativo das Escrituras Sagradas que advêm pela via dos pormenores constantes nos versículos, pela via de um repensar constante e prolongado no tempo e pela via de processos de aproximação e afastamento da acção interpretativa.

9º) Em nono lugar importa salientar a natureza exaustiva da interpretação bíblica, i.e., o grande problema da retroactividade desconstrutiva, da peremptoriedade do confronto investigativo, da necessidade da fundamentação, e do espírito de sacrifício.

10º) Em décimo lugar importa salientar a importância das notas revogadoras das interpretações superadas através do processo de tentativa e erro. A memória e o esquecimento exigem-no dada a vulnerabilidade da apreensão cognitiva e a complexidade da matéria bíblica.

11º) Em décimo primeiro lugar destaca-se a dificuldade interpretativa residente na dispersão e na fragmentação dos relatos bíblicos. O intérprete é remetido ao recurso contínuo entre as concordâncias dos factos históricos e dos relatos bíblicos.

13º) Em décimo segundo lugar destaca-se a ressalva dos limites epistemológicos como pressuposto imperativo da honestidade intelectual, da fidelidade interpretativa e da validade textual.

12º) Em décimo segundo lugar importa que sempre que por esquecimento ou pelo surgimento de novos elementos ( bíblicos ou factuais ) o interpretador se veja levado a reinterpretar toda uma matéria já anteriormente por si interpretada., Deverá ainda assim fazê-lo na totalidade, de preferência através de cogitação mental, longe da interpretação inicial. Obterá no fim, satisfatoriamente, uma de três conclusões prévias: conclusão em tudo idêntica à anterior; conclusão idêntica, porém mais enriquecida que a anterior; conclusão diferente da anterior.